Em sua ‘Clínica da Carência’, Célio acolhe ‘irregulares’

O acervo de documentos da biblioteca de Célio Garcia reúne vasto material sobre o jovem infrator, ao qual ele se refere em sua autobiografia e no texto sobre a interseção entre psicanálise, política e atuação social.

E não foi o jovem infrator o único “público” pelo qual ele se interessou e que o levou a formular a proposta de Clínica da Carência. Célio escreveu:

Por tudo isso, chamaria minha proposta de Clínica da Carência, em que encontrei demonstração de grande criatividade por parte deste público a quem dedico este trabalho.

As figuras aqui trazidas 1) Estamira, 2) o catador de lixo, 3) o jovem infrator (grafiteiro-pichador), 4) o construtor de barraco, ou seja, aqueles que apontam o alcance desastroso dos significantes identificatórios reforçados por uma lógica predicativa, assim como essas mesmas figuras fazem prova da criatividade que se instala, uma vez que esses significantes já não contam para nada.

Chamei-os de irregulares. Com isso, livrei-me da classificação perniciosa, ou da nomenclatura preconceituosa, que agravava ainda mais as questões a enfrentar da psicologia social. Por tudo isso, chamaria minha proposta de Clínica da Carência. Convenci-me de que estava operando, estou operando, no avesso da psicologia social. Uma clínica destinada aos irregulares coloca em evidência a originalidade de uma outra lógica em ação, um contraponto à lógica binária.

Leia mais sobre os “irregulares” em Estamira e Jovem Infrator

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