Bruno Guimarães: ”Célio não era só um intelectual, mas um prático que destoava do tradicional pelo inusitado e pela ousadia”.

O professor de filosofia da UFOP manteve uma grande afinidade acadêmica e pessoal com Célio e relata, na entrevista, momentos de convívio com seu ex-orientador de doutorado, como nos seminários em sua casa.

Bruno conheceu pessoalmente Célio Garcia nos anos 1990, quando terminava a graduação em Psicologia na UFMG. Logo se aproximou dele e, a partir daí, passaram a ter grandes afinidades intelectuais e pessoais. Célio esteve em sua banca de mestrado e foi co-orientador no doutorado.

O professor da UFOP atua nas áreas de filosofia da psicanálise, estética, ética e teoria crítica. É também membro da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia.

Na entrevista, Bruno reflete sobre as características do intelectual Célio Garcia, ressaltando, porém, que ele era também “um prático que destoava do tradicional pelo inusitado e pela ousadia”. Ele relembra as atividades acadêmicas dos dois e os momentos de convívio pessoal.

Certa vez, ele nos convidou, num dos seminários na sua casa, a pensar no problema de um senhor que morava em uma favela e tinha construído sua própria casa, incluindo os cômodos e a escada, mas sem nenhum saber técnico ou arquitetônico. Ocorreu, porém, que ele foi engordando e passou a ter dificuldades para ir de um andar para o outro pela escada. Célio nos instigou, então, a pensar nas soluções para aquela questão, assim como para outras que afetavam a vida das pessoas, em especial dos chamados irregulares”.

Confira outros destaques da entrevista:

  • Os seminários tratavam daqueles assuntos inusitados e eram momentos de prática, a partir dos quais as coisas realmente mudavam;
  • Tudo isso parecia ser muito curioso, mas a gente sempre saía de lá com  a sensação de estar trabalhando em um contexto de originalidade total.
  • Ele propunha coisas que muitos achavam estranhas e para as quais torciam o nariz. Um exemplo está relacionado aos jovens infratores. Nós trabalhamos muito com o tema, também presente na experiência do Selex, na UFMG;
  • Um dia, quando o Célio fez uma reconstrução de seu percurso, em uma entrevista, começou dizendo que ele também era um jovem infrator e que tinha descoberto o valor epistemológico da infração;
  • Ele mostrava, com clareza, como esses jovens encontravam maneiras muito próprias e híbridas de resolver seus problemas e buscar soluções próprias;
  • O Célio tinha grande interesse em desmarcar lugares prontos, assim como a maneira que enxergávamos as coisas em uma perspectiva única;
  • A psicanálise tem uma relação importante com a subversão, mas não exatamente com a transgressão;
  • O Célio está muito presente nas minhas aulas na universidade; falo muito da experiência que tive com ele;
  • Ele via os movimentos de rua de 2013 como um momento de transformação e dizia: os jovens têm pressa.

Clique no vídeo abaixo e assista à entrevista completa:

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